11.1.10

Os acidentes pelo caminho

Alguns posts abaixo, comentava sobre a Aventura de Annette, do Alaska ao Ushuaia.
Pois bem, alguns dias antes do Natal, fomos informados que Annette sofreu um grave acidente já próxima do Ushuaia.
Estava, pasmem, a somente 200 km do seu destino final.
No momento, segue internada num hospital de Rio Grande - Argentina - com a clavícula e 3 costelas quebradas, além de um dreno no seu pulmão esquerdo.
Sua moto, o Tanque, que "dormiu" algumas noites aqui em casa, virou pó.
O tombo foi tão feio que Annette não se lembra de nada. E não há testemunhas para contar. Foi encontrada desacordada.
Há mais de 1 ano na estrada, superando todos os tipos de desafios, e faltando míseros 200 km para atingir a pontinha das Américas - dá para acreditar ?

Outro grande amigo, Eduardo, americano, em sua 10a. aventura, "relaxou" um pouco enquanto rodava por uma estrada do México e também caiu. Além de pequenas lesões, sua namorada quebrou o punho.
Estão abortando a aventura que, dessa vez, tinha como objetivo explorar destinos pouco conhecidos na Guatemala.
Na palestra que apresentei, no último SALARR - Colorado - conheci 3 motociclistas americanos, já em idade "senior", que, após a aposentadoria, resolveram fazer a "aventura de suas vidas" - cruzar as Américas sobre 2 rodas.
Também tiveram que abortar a aventura na Nicaragua, numa curva da Panamericana. Um deles caiu feio e já está há 2 semanas na UTI com um problema sério na coluna.
Recebi um email, hoje, informando que somente agora ele poderá ser transferido para os EUA.
Como eu sempre dizia à Maria Paula, durante nossa viagem:
"É só errar numa curva e adeus aventura".

Nos 3 casos citados acima, há um fato em comum: todos se acidentaram exatamente num momento em que estavam descontraídos.
Não sei se podemos classificar os acidentes como "descuido". Sinceramente, acho que não.
Mas, a verdade é que na vida temos a mania de nos acostumar com os riscos à nossa volta.
Algo que aparenta ser extremamente perigoso um dia, com o passar do tempo, torna-se "normal" para nós - às vezes nem nos damos conta do real risco existente.

Já tentou, por exemplo, explicar a um norueguês o que é viver numa cidade em meio a "balas perdidas" ?
Eu já. Confesso que não foi uma tarefa simples - até porque o assunto é muito sério. Mas, milhões de pessoas vivem nessas circunstâncias. Nesse caso, são obrigados a se acostumar com a situação de alto risco.

Pois bem.
Uma aventura, assim como toda a nossa vida, está repleta de riscos e surpresas - boas e ruins.
Penso que se tivermos consciência dos riscos existentes e trabalharmos sempre para reduzí-los, teremos uma melhor chance de alcançar os resultados esperados, além de sobrar algum espaço para surpresas boas ao longo do caminho.

Boa sorte aos nossos amigos acidentados.
Espero que não desistam de seus sonhos.

7 comments:

  1. É Dr. Lucio... É como diz o ditado pessimista:
    Existem 2 tipos de motociclistas: os que já cairam e os que irão cair algum dia...
    Na verdade, quanto maior o tempo em cima da moto, maior a chance de acontecer algo "fora do programado" - leia-se um tombo - pois sabemos que o risco existe a cada momento, seja na esquina da sua casa, ou seja lá no Ushuaia.
    É uma pena que isto tenha acontecido com a Annete, já quase chegando no seu destino final!
    Abortar uma aventura, então, por causa de um acidente, é algo muito frustrante!
    Mas, não podemos nem pensar nisto, ou melhor, é bom pensar, e tentar estar sempre alerta, mas nunca desistir dos nossos sonhos, pois o que seria da vida sem os riscos?
    Um abraço!

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  2. Oi Lúcio.

    Isto me lembra quando Renata e eu iriamos recebê-los no posto e depois seguiriamos juntos até R.P. no dia 9. Mas passeando de moto no dia 8, de noite, sofremos um acidente. A Renata quebrou o tornozelo esquerdo. Infelizmente não pudemos acompanhá-los até o destino final da aventura.

    E embora eu não tenha noção como é abortar uma aventura por causa de um acidente, imagino que deva ser muito ruim, pois cair sem estar se aventurando já é muito sofrido.

    Desejo melhoras e que Deus esteja com os amigos aventureiros.

    Abraços.

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  3. Olá Fernando. Bom receber notícias suas. Naquele dia, da nossa chegada, recebemos a notícia que vocês não estariam presentes devido ao acidente no dia anterior. Ficamos sentidos. Depois, lhe enviamos um email, Não sei se receberam. Porém, acho que a situação se encaixa, exatamente, no que descrevi acima. Os riscos da vida. Espero que vc e Renata estejam bem. Torcemos para, um dia, nos encontrarmos para um bom papo.
    É, Seo Márcio. Não podemos deixar de executar nossas idéias somente por causa dos riscos existentes. Vamos buscando alternativas para reduzí-los.
    Quando vamos nos encontrar ?
    Estamos organizando o 1o. BAAM (Brazilian ADV Annual Meeting). Depois coloco aqui as informações, quando tivermos as coisas mais organizadas. Seria muito bom contar com a presença de todos vcs.
    Grande abraço.

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  4. Bom blog e continuacao de boas postagens.

    Deste ja te convido a visitares, comentares e seguires- Altitude1995.blogspot.com

    Força nessas postagens!
    abraço

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  5. hello... hapi blogging... have a nice day! just visiting here....

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  6. Ainda bem que o Casal Aventura se livrou desse mal... E sabe pq? A minha querida Santa Rita, cuidou de vcs...hehehehehehe
    Desejo que os acidentados já estejam recuperados...
    Beijinhos
    Tia Celinha

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  7. Lúcio,
    Muito bom o teu texto. Tenho sempre presente comigo, por já ouvir muitos relatos relacionados a estes fatos que comentas, que devemos redobrar a atenção nos km finais. Os acidentes acontecem por detalhes e são ocasionados em frações de segundos. Em nossa última viagem com o objetivo de chegar ao Peru, onde rodamos 10.000 km fomos abençoados pois a viagem transcorreu na mais perfeita ordem, o que não significou que em alguns momentos, por muito pouco não tenhamos nos envolvido em acidentes (na maioria das vezes por desatenção). O fato é que podemos rodar 10.000 km, não nos acontecer nada e pegar a moto para ir até a padaria da esquina e nos envolvermos em um sério acidente. Sei de histórias neste sentido. A nossa atenção ao conduzirmos uma motocicleta deve ser total e não desviada em momento algum. Sei que é difícil, mas é assim que deve ser. Mais uma vez parabéns pelo blog e a torcida por uma rápida melhora destes irmãos motociclistas.
    Álvaro.L
    http://alvaroeadelaidemundoafora.blogspot.com

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